
O ex-presidente Bill Clinton me convidou como um dos 50 líderes globais que discutiriam esse assunto no Clinton Global Initiative Retreat. A reunião foi realizada em White Oak, no norte da Flórida – uma área de preservação da vida animal, simplesmente exuberante. Cercados por girafas, rinocerontes e zebras, discutimos o futuro da espécie mais bonita do universo: a do homem.
Nunca estive em uma reunião com tanta diversidade e com uma riqueza de pensamento tão grande. Foram três dias de conversas – diretas, francas, sem lero-lero. Conversamos sobre sustentabilidade de fato, sobre tratar bem o consumidor, o meio ambiente, o mundo. Divididos em três grupos, a objetividade e a velocidade com que as conversas se encaminhavam para decisões concretas, efetivas, eram impressionantes.
A crie é como a Terra, ela é de todos. Mas, como disse a secretária de Estado Hillary Clinton, uma crise é uma oportunidade grande demais para se perder.
Pouco tempo depois, há 15 dias, estive em outro fórum, também nos Estados Unidos, desta vez sobre o Brasil, em Nova York. O presidente Lula fez pronunciamento para empresários e investidores no evento promovido pelos jornais Valor Econômico e Wall Street Journal. O resumo da mensagem que passou a todos nós, presentes no almoço, foi de que, se o mundo é uma crise, dentro dessa crise o Brasil é uma terra de oportunidades.
Não há nada de polianesco nisso. A propaganda vive essa dicotomia há pelo menos uma década. Graças à revolução tecnológica e ao poder que esta deu ao consumidor, a propaganda vive uma era de oportunidade e, ao mesmo tempo, uma era de crise. Enquanto as agências digitais e as pequenas agências fazem a festa, as analógicas e as mamutes tremem. Na bonança, era hora de ter medo; na bagunça, só nos resta ter coragem.
Tenho passado pelo menos dez dias por mês no exterior. No passado, quando se dizia exterior, estava-se falando sobre Estados Unidos e Europa. Agora não é mais só isso. Exterior também significa China, Angola, Panamá, Quênia...Não viajo a passeio: levo minha cabeça para viajar a serviço dos meus clientes, da minha comunidade, do meu País – quem vê de fora, decididamente, vê melhor.
Dizer que os Estados Unidos estão acabados é uma burrice. Vi, na Flórida e em Nova York, pessoas motivadas; vi na pronta disposição do melhor da sociedade norte-americana – seja do capital, seja do mundo acadêmico, seja da sociedade civil – a vontade de dar a volta por cima, Um dos indicadores dessa América que se esforça para se reerguer foi a quantidade de jovens norte-americanos que foram votar nas eleições.
Dizer que os Estados Unidos estão acabados é uma burrice. Vi, na Flórida e em Nova York, pessoas motivadas; vi na pronta disposição do melhor da sociedade norte-americana – seja do capital, seja do mundo acadêmico, seja da sociedade civil – a vontade de dar a volta por cima, Um dos indicadores dessa América que se esforça para se reerguer foi a quantidade de jovens norte-americanos que foram votar nas eleições.
O mundo está vivendo a III Guerra Mundial, e ela é uma guerra econômica. Uma guerra contra a inconseqüência, o perjúrio, uma guerra resultante de um mercado sem qualquer regulamentação econômica ou moral. E pensar que foi em 1867 que Karl Marx escreveu “Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar vens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O Debito não pago levará os bancos à falência, que terão de ser nacionalizar pelo Estado”.
O mundo não saiu do eixo: ele vai entrar. Uma nova ordem vai ser construída dos escombros: a Era de Aquarius nasce sobre as cinzas da Era de Madoff. Com um olho no peixe e o outro no gato, caminhamos rumo a um amanhã incerto. Mas é certo que precisamos nos preparar, porque o amanhã vai chegar.